Apêndice A Manifesto pela educação
Como professora, tenho experimentado mudanças no papel do educador e dos estudantes no processo de aprendizagem. Quando comecei minha carreira no magistério no ensino superior, em 2003, a sala de aula era centrada no professor. Os alunos precisavam assistir aulas, ouvir, entender e reproduzir o assunto em atividades avaliativas.
Nestes tempos atuais disruptivos, mesmo em um país subdesenvolvido como o Brasil, passamos por uma revolução no acesso à tecnologia e no consumo de informações, resultando na modificação do comportamento dos estudantes Palestras e apresentações do PowerPoint não são suficientes para sustentar o engajamento dos estudantes em sala de aula. Essas mudanças têm sido uma motivação para que eu busque melhorar minhas competências como professora, com o objetivo de me adaptar a um paradigma educacional no qual estudantes são os protagonistas.
No Brasil, estudantes e professores ainda estão se adaptando à ideia de que podemos trabalhar juntos, e que a aprendizagem é um processo colaborativo. Dentro desse contexto, venho me esforçando para me transformar de professora para tutora, reduzindo distâncias Estou tentando me tornar uma curadora ou mentora, que auxilia os estudantes em sua jornada acadêmica visando transformar informação em conhecimento e desenvolver competências para atuar em sociedade, contribuindo para um mundo melhor.
O conteúdo não é mais o principal elemento da relação ensino-aprendizagem; e a informação é ubíqua, apesar da desigualdade em relação ao acesso e à qualidade. Ainda há iniquidades no acesso a recursos tecnológicos, mas o ensino remoto emergencial na pandemia SARS-CoV-2 tem escancarado a necessidade de universalizar o acesso à informação digital. Meu objetivo como professora é ajudar os estudantes a transformar dados e informações em conhecimento aplicado e desenvolver pensamento crítico e responsabilidade social como cidadãos e profissionais. As abordagens que tenho implementado são concebidas para atividades práticas e discussão diversa. Para isso, tenho usado diferentes abordagens pedagógicas em sala de aula, fundamentadas principalmente em aprendizagem híbrida, Aprendizagem Baseada em Projetos e Problemas, sala de aula invertida e avaliação pelos pares.
Motivar os estudantes a questionar os processos (dentro dos cursos ainda conteudistas), vislumbrar caminhos metodológicos, analisar problemas e propor soluções é sempre um desafio. Para aumentar o engajamento dos estudantes, venho desenvolvendo projetos de resolução de problemas voltados para questões sociais reais como parte essencial dos cursos. Os estudantes se motivam quando os objetivos dos projetos são claro, por mais que intangíveis, e gostam de ter a oportunidade de decidir sobre a contextualização da questão social em discussão.
A avaliação é a atividade educacional que mais me intriga e me motiva a buscar o aperfeiçoamento como professora. Trazer uma agenda flexível para a sala de aula, focada nas necessidades dos estudantes, é ainda mais desafiador frente à necessidade de quantificar o desempenho acadêmico. Acho que decidir como avaliar o aprendizado é uma das tarefas mais provocantes que enfrento diariamente.
Ensinar ferramentas computacionais aplicadas é outro desafio diário. Laboratórios podem ser difíceis se os estudantes não estiverem interessados. Tenho usado aulas invertidas com recursos intensivos de ensino digital, como tutoriais interativos, vídeos e fóruns para discussão para promover esse assunto. Os laboratórios tornaram-se um espaço para solucionar dúvidas e discutir a implicação das implementações computacionais que realizaram. Não é perfeito, mas, na minha experiência, os resultados dessa abordagem são muito melhores do que aulas expositivas e trabalhos práticos, já que os estudantes podem aprender em um ritmo individual.
A sala de aula precisa ser um lugar de diversidade. Os estudantes devem se sentir confortáveis em se expressar e aceitar-se por quem são, respeitando as habilidades inerentes de cada um, desenvolvendo competências e construindo um bom ambiente para compartilhar e aprender.
Aprendi que o trabalho colaborativo é a melhor maneira de engajar os estudantes. Pretendo continuar desenvolvendo competências de ensino para trazer alegria, calor e desafios viáveis para a sala de aula, a fim de inspirar e motivar os estudantes. Fazer com que os estudantes adquiram conhecimento, colaborem, desenvolvam o pensamento crítico e amadureçam como cidadãos é um objetivo profissional e uma paixão pessoal. A educação é o único caminho para um mundo mais equitativo e justo.